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quarta-feira, 17 de junho de 2009

PEREGRINAÇÃO A FÁTIMA

De 11 a 14 de Junho de 2009, tive o prazer de efectuar uma peregrinação a Fátima, incluído num grupo de 12 pessoas, 4 repetentes (Renato e Susana com 7 cada, José com 4 e a Srª Luísa que conta com várias peregrinações no seu curriculum, tanto no caminho de Fátima como no de Compostela, este último com saídas do Porto), os restantes eram "caloiros", mas no entanto cada um seguia a sua motivação pessoal para se lançar ao percurso.
O ponto de encontro para o início da peregrinação, foi na Torre Vasco da Gama (Lisboa), no dia 11 de Junho pelas 6 horas e 45 minutos. Do início ao fim do percurso foi seguido o conhecido "Caminho de Fátima" ou mesmo "Caminho do Tejo"com a diferença de ser percorrido em 3 dias e meio em vez dos 5 dias previstos.
Posso dizer que cada dia é diferente e tem a sua dificuldade, em que por mais que tente explicar irão pensar que é um exagero, mas acreditem que não, no entanto vou tentar:
1ºDia - 11 de Junho - Lisboa - Azambuja
O maior dia da peregrinação em termos de Km (+/- 50), sim, é verdade são mesmo quase 50 km, quando é aconselhável fazer a 1º etapa de Lisboa até Vila Franca de Xira nós fizemos directamente de Lisboa a Azambuja.
Com saída de Lisboa pelas 7 da manhã ainda sem o Renato, o grupo inicia a sua marcha com Alhandra no pensamento para almoço e uma paragem pelo meio para reforçar energias e água.
Antes de chegar a Alhandra percebo logo que errei no calçado, pois as 1º bolhas são sentidas na parte de baixo dos pés, mas há que seguir sem pensar nisso.
Com a Maria a não aguentar o esforço matinal de um grupo fresco e cheio de energia, acabou por desistir no local do almoço, o que me deu oportunidade de quem a foi buscar me levar umas botas para continuar a minha caminhada. Depois de almoçar e ter um pequeno tempo de descanso há que por novamente os pés ao caminho com a Azambuja no destino para dormir na Santa Casa. Mas muito havia ainda pela frente ate lá.
Fomos parando em Vila Franca, Vila Nova da Rainha sempre para descansar os pés aproveitar para furar algumas bolhas e reforçar o stock de águas. Quando chegamos a Vila Nova da Rainha o grupo perde o seu 2º elemento, ou seja a Sónia, que não conseguia aguentar o aquecimento de uma platina colocada numa perna. Foi uma paragem longa com o pensamento que faltava apenas a recta da Azambuja, mas que recta, andar, andar e não ver "o fim ao tacho", para além das varias bolhas e já os músculos começavam a dar o sinal da sua presença. Finalmente lá ao fundo aparece a rotunda e no pensamento a ideia de que a Santa Casa seria logo ali, mas não toca a fazer mais uns km em subida, em que as forças físicas estão nos limites e apenas somos levados pela força psicológica do destino final.
Chegamos ás 21h30m, banho, um belo jantar, atacar nos voltaren`s (gel e comprimidos) para no dia seguinte tentar estar como novo. O enfiar no saco cama para dormir até parecia mentira.

2º Dia - 12 de Junho - Azambuja - Santarém
Pode-se considerar como um dos dias mais fáceis mas, no entanto, foi o causador de mais 3 baixas no grupo, ás portas de Santarém, mas voltando ao início do dia.
Um belo pequeno almoço, oferecido pela Santa Casa, uma passagem pela farmácia para comprar uns pensos mágicos para as bolhas e pés ao caminho.
Uma manhã calma com apenas 12 km até Valadas, local marcado para o almoço com umas passagens por campos de cultivo de tomate. Pode-se considerar um percurso curto para os restantes 18km da tarde, mas não almoçando aqui nada mais pela frente iríamos encontrar que pudesse satisfazer as nossas necessidades.
A tarde sim complicou, foram 18 km quase todos percorridos em caminho de terra batida sempre ao lado do Aqueduto das Águas Livres com um sol intenso onde havia zonas que nem sombra fazíamos. Já as portas de Santarém e depois de sair do infinito caminho de terra batida, surgem mais 3 baixas, as ultimas, mas como dizia o José "o pessoal vem no Red-Line e é motores a colar". Com Santarém já ali toca de continuar e mais uma vez a Santa Casa como destino, mas esta sim fica perto.
Uns Banhos, uma sopinha e umas pizzas encomendadas e o descanso dos guerreiros em sacos-cama.

3º Dia - 13 de Junho - Santarém - Minde
Mais uma vez o grupo a fazer mais Km do que os solicitados pelo caminho original, tornado-se assim possivelmente no dia mais complicado.
Com uma saída tardia de Santarém para esperar pela Susana (organizadora da peregrinação) que, depois de 2 dias de caminhada ainda teve que vir a Lisboa fazer noite no seu trabalho, pois já que não se pode confiar em toda a gente, no que diz respeito a trocas de folgas.
Como disse uma saída tardia fez com que toda a viagem fosse feita com algumas horas de atraso, tendo o seu fim ás 2h30m da manha nos Bombeiros de Minde.
Mais uma vez os Km até ao local do almoço foram menos do que os da tarde, isto pelo mesmo motivo. O almoço foi em Advagar no "Panturras" e que almoço...
No percurso da tarde iríamos encontrar um conjunto de belas subidas e descidas, começando pela subida dos moinhos e acabando na descida da serra até Minde, com paragem em Olhos de Água e Jantar ás 23 horas no adro da igreja de Monsanto, uns belos frangos assados.
Com o jantar no estômago o pior nos esperava, sim a subida da Serra de Stº António em linha recta a pique por caminho de coelhos, seguido da descida pela estrada até Minde, (este é um dos pontos em que por mais que tente explicar será sempre impossível de acreditar), mas no entanto apenas peço para imaginarem subir uma serra á meia noite e meia, com a luz de duas lanternas e uns telemóveis por um caminho em que cada vez que se punha um pé no chão só se sentia a pele e os pensos a rasgarem e na descida todo o peso do corpo nos pés a travarem com os joelhos e canelas a sofrerem os seus danos.
4º Dia - 14 de Junho - Minde - Fátima
O dia mais curto com a ideia de se chegar a horas da missa, mas para dificultar os 17/18 km do dia nada melhor do que uma chuva contínua até que se chega ao desejado local FÁTIMA.
Apenas digo que se trata de um momento muito emocionante, onde se esquecem as dores do pés, músculos e as "partes baixas assadas". É tambem aqui que se deixam de receber os telefonemas e os sms de força e conforto e somos abraçados por quem mais desejamos, no meu caso a minha esposa e filho (nunca esquecerei aquele sorriso que me fizes-te).
Com tudo isto, digo apenas que foi a 1º vez que fiz esta peregrinação, mas fiquei com vontade de a repetir, tendo já olhado para o calendário e verificar que em 2010, quinta-feira é feriado e o dia 13 de Junho calha num Domingo.

Não poderia terminar este longo texto sem agradecer principalmente á Susana, Renato e José e a todas as Instituições por onde passamos, (Santa Casa da Azambuja, Santa Casa de Santarém e Bombeiros Voluntários de Minde), não esquecendo todos os elementos do grupo pelo companheirismo e espírito de camaradagem.

Até qualquer dia...
Nota:
Fotos do telemovel, mas na esperança de poder publicar todas as fotos tiradas pelos membros do grupo.